No século V a.C. acontece a consolidação da
democracia na Grécia Antiga. As atividades filosóficas e políticas começam a se
concentrar na cidade de Atenas e as discussões e investigações filosóficas
mudam de foco. Os filósofos ainda se preocupam com questões cosmológicas, mas
como a vida política é intensa e os questionamentos se concentram em torno da
ética, da moral e da política.
Essas são as características da Filosofia em um período que nós chamamos de clássico ou antropológico. E nesse ponto é bom fazermos uma pequena distinção para entendermos como que ocorrem essas divisões históricas. A Filosofia Ocidental possui cinco grandes divisões históricas.
Filosofia Antiga, Filosofia Clássica, Filosofia
Medieval, a Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea.
A Filosofia Antiga abrange toda a Filosofia produzida pelos chamados filósofos pré-socráticos. A Filosofia Clássica abrange os pensamentos produzidos ainda na Grécia Antiga após a atividade de Sócrates e no Império Romano. A Filosofia Medieval corresponde à toda Filosofia produzida durante a Idade Média e, da mesma forma, a Filosofia Moderna corresponde à Filosofia produzida durante o Período Moderno, que é um período onde ocorrem grandes movimentos históricos, culturais e políticos, como a Reforma Protestante, a Revolução Científica e a formação dos estados modernos, entre outros. E a Filosofia Contemporânea abrange a Filosofia que foi produzida desde meados de 1800 até os dias de hoje.
Neste artigo, focaremos na Filosofia Clássica, também designada como período antropológico. A Filosofia desse período se volta para as construções humanas como a política, a moral, a ética, antropos em grego significa ser humano.
Para entender melhor esse período e quem foram os sofistas, nós precisamos entender como funcionava a política no século V a.C., principalmente na cidade-estado de Atenas. A ágora (praça pública) é o lugar onde ocorrem as discussões políticas e assembleias de um modo geral, onde se decidem os rumos da pólis (cidade-estado). Contudo, a democracia grega antiga é uma democracia direta, significa que o cidadão é quem discursa e aponta quais são os problemas da cidade e quais são as soluções possíveis para esses problemas, o que é algo bem diferente da nossa forma de fazer democracia hoje.
Hoje, nossa política está circunscrita dentro da democracia representativa, onde nós votamos em um candidato e esse candidato possui a função de nos representar dentro da política. Para o grego antigo a ideia de que você vota em uma pessoa para que essa pessoa possa falar por você era algo impensável. Tudo era decidido, apontado e proposto através da palavra.
Grandes debates aconteciam nas assembleias e ganhavam esses debates quem dominava a retórica, a arte de bem argumentar. Nesse cenário irão surgir alguns profissionais que recebem o nome de sofistas. O significado da palavra sofista é sábio.
Eles eram professores que viajavam pelo mundo grego antigo ensinando e acumulando saberes. Ensinavam de tudo um pouco, mas a principal disciplina que transmitiam era a retórica, ou seja, eles ensinavam como argumentar bem para vencer um debate. E por esse motivo, os sofistas irão acabar introduzindo uma concepção relativista da realidade, onde não há verdades absolutas, nem conhecimento certo ou errado, porque isso tudo é fruto de um acordo entre os humanos.
O que é verdade em um lugar pode não ser verdade em outro e o que é certo em um lugar pode ser errado em outro e vice-versa. Tudo pode ser relativo, ou seja, uma verdade depende do contexto e do lugar onde ela está inserida. Em resumo, se nós radicalizarmos o pensamento dos sofistas, chegaremos na ideia de que não podemos ter certeza de nada.
Filósofos como Sócrates e Platão, por exemplo, irão acusar os sofistas de promoverem a degeneração da democracia grega. Porque se nada é certo, cada um pode argumentar em causa própria. Se tudo é relativo, cada um pode defender o seu ponto de vista como se fosse a verdade.
Dessa forma, as discussões param de girar em torno dos interesses da cidade, da polis, e se voltam para os interesses particulares das pessoas. Os debates passam a ser um tipo de guerra. Ganha aquele que sabe argumentar melhor e argumenta melhor aquele que tem dinheiro para pagar pelos ensinamentos de um sofista.
Um sofista famoso foi Protágoras. Ele afirmou que o homem é a medida de todas as coisas, ou seja, o ser humano é a medida de todas as coisas. Essa frase frequentemente é interpretada como a capacidade humana de construir a verdade.
A verdade é o resultado de um exercício técnico da razão e depende das circunstâncias e do lugar em que é discutida. Ninguém detém a verdade porque ela não existe, mas sim, é construída pelos humanos através do discurso.
O legado dos sofistas traz questões pertinentes para a filosofia, como por exemplo, o conhecimento sobre alguma coisa é verdadeiro? A verdade existe? Ou existem apenas verdades provisórias que variam de um lugar para o outro? Isso faz com que, de certa forma, a busca pela verdade iniciada lá com os primeiros filósofos de alguma maneira se perca. E quem vai restaurar essa busca pela verdade é aquele que é considerado o pai da filosofia política e moral: Sócrates.
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Bons Estudos!