O Método Cartesiano

O filósofo francês René Descartes (1569-1650) é considerado o pai do Racionalismo Moderno. A ideia de base do Racionalismo é de que todo o nosso conhecimento, ou grande parte dele, tem origem em nossa razão, em nossa capacidade de raciocinar. Descartes não foi apenas um filósofo, mas também físico e matemático, de modo que é possível notar uma grande influência da matemática em sua filosofia.

O seu pensamento e suas conclusões são decorrentes de uma crise intelectual vivenciada em sua juventude. Descartes percebeu que os filósofos sempre buscaram a verdade, mas nunca chegaram a uma conclusão que fosse aceita por todos. Sendo assim, concluiu que não iria encontrar a verdade no pensamento de outros filósofos, mas sim tentando aprender as coisas por si mesmo.

A partir disso desenvolveu algumas ferramentas intelectuais que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e o avanço nas discussões sobre o conhecimento. Descartes desenvolveu um método de quatro regras, ou quatro etapas, que poderiam nos ajudar a chegar em conhecimentos verdadeiros. Esse método também é conhecido como método cartesiano.

Vejamos quais são as etapas desse método.

1º Evidência

A primeira etapa, ou regra, é a evidência. De acordo com ela, não devemos aceitar nada como verdadeiro à primeira vista. Algo só pode ser admitido como verdadeiro quando for percebido de forma tão clara e distinta que não exista nenhuma situação para duvidar.

2º Divisão

A segunda regra seria a análise. Devemos dividir os problemas em tantas partes quanto for possível. Uma grande dificuldade pode ser dividida em vários problemas menores de modo a facilitar a nossa busca por soluções.

3º Síntese

A terceira etapa é a síntese, você também pode encontrar essa etapa com o nome de ordem em alguns outros manuais ou sites. Após as duas primeiras etapas, devemos pensar de forma ordenada. Após a divisão, os resultados devem ser ordenados, começando pelas coisas mais simples e fáceis de entender, progredindo gradualmente para a abordagem dos problemas mais complexos.

4º Enumeração

E, por último, temos a regra da enumeração. Essa é a etapa do método onde iremos prestar atenção aos detalhes. As enumerações devem ser completas e as revisões devem ser abrangentes, de modo que nada possa ser omitido ou passar despercebido.

Para ficar mais claro, vamos pensar em uma situação onde utilizamos o método cartesiano, como, por exemplo, a resolução de uma equação de matemática. 


O objetivo de uma equação de primeiro grau é encontrar o valor da incógnita, que é representada pela letra X. Isso é o primeiro passo do método cartesiano, a evidência. O objetivo de uma equação é bastante claro e distinto sobre o que é preciso fazer.

Para encontrar esse valor da incógnita, a equação precisa ser analisada em partes, identificando as operações que precisamos usar para resolver a equação. Esse é o segundo passo do método cartesiano, a análise. Nós dividimos o problema em partes menores para facilitar o nosso processo.


Depois definimos a ordem que essas partes serão solucionadas, das mais fáceis para as mais difíceis. Esse é o terceiro passo do método cartesiano, a ordem ou a síntese, onde analisamos primeiro as coisas mais simples e depois passamos para as coisas mais complexas. Por fim, temos a enumeração.

Ao terminar a resolução, nós verificamos todo o caminho que fizemos para chegar na conclusão, para ver se não erramos em alguma parte.

O objetivo de Descartes com a criação desse método é chegar a um conhecimento verdadeiro, que fosse evidente para todos, que todos pudessem concordar.

Como é possível notar, o método de Descartes tem inspiração na matemática.

Por que isso?

A matemática é uma área que nos apresenta conhecimentos verdadeiros, que podem ser demonstrados e são conhecimentos que todos podem descobrir utilizando a razão. A partir desse método, Descartes irá desenvolver o que nós chamamos de dúvida metódica ou dúvida hiperbólica que veremos em outro artigo.

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Bons estudos!



Raphael Rodrigo

Escritor, Professor e Pesquisador

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